quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Beatriz

Coincidências não existem, ou pelo menos não em minha tenra filosofia.
Pois não é que logo após a visita da Julinha - post Pé de Pano - me cai no colo a beleza da Beatriz.
A gata vive comigo, onde vou ela vai.
Nem no banheiro posso ir sozinha, já que ela fica miando, pedindo para entrar junto.
Claro que ela dorme comigo.
Ma há dias que as coisas mudam e parece que ela, e as vezes só ela, percebe.
Não ando nos meus melhores dias, o que faz do meu marido um verdadeiro Jó.
E da Beatriz minha grande companheira.
Não dorme comigo, mas em cima de mim.
Não sai de perto nem por decreto (como se gatos respeitassem decretos).
Se durmo horas, horas ela está lá.
Se fico horas acordada, horas ela me faz companhia.
Banho, café, sofá, cama, computador e ela no colo.
Por óbvio que eu já tinha percebido isso.
Mas não tinha enxergado com que energia ela o faz.
O amor sem restrições com que ela me olha.
Foi meu dulcíssimo quem me chamou a atenção.
Valeu Beatriz.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O Natal.

O Natal. Ho! Ho! Ho!
Depois da missa, casa de mamãe.
Como é bom Natal com criança.
Muda tudo.
Este ano tivemos direito à presentes embaixo da lareira, luzinhas coloridas e tudo mais.
Lembramos, minhas irmãs, eu e minha prima, dos Natais de nossa infância.
Os presentes embaixo da árvore (de verdade)...
E eram muitos presentes - pais, tios, primos, até parente distante dava presente, nada de lembrancinha.
Colocávamos cadeiras perto da árvore e tentávamos adivinhar qual era nosso e o que era.
Masoquismo puro.
Só se podia mexer nos presentes depois da meia-noite, após infindáveis abraços.
Pois este ano, o reizinho, meu sobrinho de 2 anos, já chegou rasgando papel de presente.
E eram apenas 21:00.
Claro que foi direto no embrulho maior - um carro vermelho de pedal - e danou-se para o resto dos presentes.
Para mim, que comprei um livro de histórias, para o desespero da minha irmã, ele disse:
- Quero o carro.
Ficamos assim, meio órfãos, e cada um pegou o que era seu, enquanto ele andava de carro pela sala.
Bom Natal, foi um bom Natal.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pé de Pano.

Uma amiga, ainda em São Paulo, foi surpreendida com uma ninhada de gatinhos em sua porta.
Deu abrigo e procurou por possíveis lares.
Pedi para ficar com uma gatinha.
Depois da mamadeira, a gatinha chegou.
Com ela veio um irmãozinho que ainda não tinha onde ficar e ia passar um tempo conosco até encontrar um "onde ir" carinhoso.
Ele, o gatinho, chegou em casa e logo arrumou um nome: Pé de Pano.
Com a gatinha o negócio do nome empacou. Ela ia ficar e na vizinhança a gataiada tinha nome de respeito.
Karl Marx, Cleópatra, Freud, Che (esse era de uma simpatia...)
Tinha até um Michel Foucault! E um Mao!
Minha gata precisava de um nome forte, para se impor frente a tantos.
Os dias foram se passando e nada de um nome.
Enquanto isso o Pé de Pano, como que sabendo que iria embora, foi se achegando, aconchegando, se fazendo presente e amado.
Claro que ele não se foi, assim como o nome, ficou.
E a até então tímida Beatriz, ganhou o nome da eterna procura de Dante na Divina Comédia. Nome lindo.

Pois bem, sempre que me perguntam o nome dos meus gatos, sempre, sem exceção, querem saber o porque de "Pé de Pano".
Até ontem.
Ontem recebi a visita da Julinha, 5 anos, amiga da minha filha.
Quando perguntou o nome do gato e eu respondi: Pé de Pano, ela fez uma carinha de sabida e me perguntou:
- Pé de Pano? Igual ao cavalo do Pica-Pau?
Ufa!
Aê Pé de Pano, encontramos alguém que fala e entende a nossa língua.
Definitivamente, precisamos conversar mais com a Julinha.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Eles.

"Não tem importância que você não compreenda isso, porque estou acostumado com a incompreenção alheia, com minha própria incompreenção, mais que tudo."

Caio Fernando Abreu, O ovo apunhalado.

Sem conseguir escrever, fica ao menos uma boa citação.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Muita leitura, pouca atividade, outra citação.

Sorry, não me contive, vai uma citação de Caio Fernando de Abreu (adooooro).
Simplesmente fantástica.

"(Sou) Tão artificial, tão estudado. Detesto ouvir minha voz no gravador ou ver minha imagem em vídeo. Soo falso para mim mesmo. A calma, o equilíbrio, as palavras ditas lentamente, como se escolhesse. Raramente um gesto, um tom mais espontâneo. Tão bom ator que ninguém percebe minha péssima atuação."

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Repercussão

Repercussão anônima do apagão: 'perdemos a chance de fazer o maior Gato Mia da história'.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Noite sem luz

Porra, eu sei que está todo mundo falando disso, o tal apagão.
Culpa de sei eu lá quem, já que até agora ninguém explicou o negócio.
O que eu posso dizer, sem enrolação, é que foi apavorante.
Se no post anterior, com a pena alheia, entrei no assunto da noite e suas complicações, imagina o que é uma noite sem luz, com (a) pena desta.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A noite dissolve os homens.

A noite desceu. Que noite!
Já não enxergo meus irmãos
E nem tampouco os rumores
que outrora me perturbavam.
A noite desceu. Nas casas,
nas ruas onde se combate,
nos campos desfalecidos,
a noite espalhou o medo
e a total incompreensão.
A noite caiu. Tremenda,
sem esperança... Os suspiros
acusam a presença negra
que paralisa os guerreiros.
E o amor não abre caminho
na noite. A noite é mortal,
completa, sem reticências,
a noite dissolve os homems,
diz que é inútil sofrer,
a noite dissolve as pátrias,
apagou os almirantes
cintilantes! nas suas fardas.
A noite anoiteceu tudo...
O mundo não tem remédio...
Os suicídas tinham razão.


Carlos Drummond de Andrade.

A saga

Séculos sem dar o ar da graça (ninguém percebe, tudo ok...) e porque?
A culpa são dos livros.
Leio muito e quase sempre muitos livros ao mesmo tempo.
Se não tiver uns três livros na cabeceira da cama é como se eu ficasse sem meu rivotril, bate um dessespero...
Pois caí na besteira de comprar um livro imbecil que, ainda por cima, faz parte de uma série: Crônicas Saxônicas.
Enquanto o lado racional do cérebro me mandava parar de ler aquela porcaria, o outro lado, criou verdadeira obsessão nos tais livros.
Digo livros, no plural, porque comprei os quatro volumes que encontrei.
Uma verdadeira saga.
Minhas horas livres na madrugada, antes dedicadas à leitura e à escrita, foram todas tomadas.
Quando cheguei na metade do quarto volume, percebi que a coisa não ia acabar alí.
Corri para a livraria.
O quinto volume sai em janeiro de 2010 nos EUA, ou seja, mais de ano para a chegada aqui.
E eu fiquei (ainda estou) puta.
Justificativas dadas, segue no próximo, ou melhor, no anteiror post uma dádiva achada em livros bem melhores (eu voltei!).
Trata-se de um trecho de um poema incrível do Drummond, dedicado a Portinari.

domingo, 4 de outubro de 2009

Rio 2016 - O massacre.

Todo (O) mundo sabe que o Rio de Janeiro vai sediar as Olimpíadas de 2016.
Que porre.
Convenhams amigos, só há uma saída: a alienação total.
Nada de acionar qualquer veículo de comunicação, sob pena de sofrer o tal "massacre".
Sei que tal tarefa será herculea, para não dizer impossível nos dias de hoje.
O suicídio foi cogitado por uma amigo, mas por favor, sem radicalismos William.
Me explico: não estou falando em desvios de verbas ou farra com dinheiro público que, por certo, virão.
Mas pelo amor de Deus, vocês tem ideia de quantas vezes vamos ver: o Cristo Redentor, as praias cariocas, a Lagôa, o bondinho, os arcos da Lapa e etc...?
Vamos ter que suportar esta birosca até o final de agosto de 2016. É muito tempo...
Não se fala em outra coisa...
Pelamor! Já estou cansada do Rio só de pensar.
Fora os cariocasssss, com todos os seus ssssss.
Não, definitivamente não dá.
Qual era mesmo sua proposta William?

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Peripécias de uma crente.

Ela estava no banho e ouviu passos no quintal, em direção a sua casa.
Comentou o fato com a filha no mesmo instante que a cachorra - uma boxer de poucos amigos - começou a latir.
Aí, o som foi de corrida desembalada.
Tinha alguém no quintal.
Não teve nenhuma dúvida, vestiu seu roupão e saiu para averiguar.
Ao chegar no cercadinho do coelho, deparou-se com a cachorra histérica e um homem.
O homem se protegia da cachorra com uma telha de zinco que fora a cobertura do cercadinho do coelho. Bunda encostada no muro.
Ela então perguntou:
- Moço, o que você está fazendo aqui?
Ele repondeu de pronto e com educação:
- Senhora, estou escondido, escute o barulho na rua, estão atrás de mim, querem me matar.
Realmente havia um barulho de carros acelerando na rua.
E ela acreditou.
O homem ainda deu um conselho:
- Senhora, vá para casa, entre, mas leve a cachorra. Assim que as coisas se alcamarem, eu pulo o muro e vou embora.
E assim ela fez.
A filha, dentro de casa, chorava nervosa e pedia à mãe que chamasse a polícia.
Ela achou uma boa ideia, mas nada como debater com todos os interessados para se chegar a uma conclusão justa.
Ainda de roupão, atravessou o quintal - sem a cachorra - foi até o homem e perguntou:
- Moço, você quer que eu chame a polícia?
O serelepe (adoro esta palavra) respondeu:
- Não senhora, vai ser pior, não chame a polícia, por favor, eu já vou embora.
E ela entrou em casa.
Mas resolveu chamar a polícia.
Depois de explicar detalhes que incluam o topete do sujeito para a emergência, o que custou-lhe vários minutos, disseram que iam mandar uma viatura.
Nisso um vizinho gritou pelo muro:
- Tem um homem no seu quintal, chame a polícia.
De óbvio o rapaz no quintal ouviu, pulou o muro e escafedeu-se.
Saindo para rua, ela descobriu que os carros que estavam acelerando eram vizinhos seus, que estavam procurando um ladrão que lhes roubara.
E imaginem! O pobre moço do quintal e o ladrão tinham o mesmo topete!
A Polícia demorou 30 minutos para chegar e claro, nem foi atrás do sujeito.
Troca de plantão, muitas ocorrências...
Para fechar a estória ela recebeu um pedido de seu filho (que não estava em casa quando dos fatos):
- Mãe, dá próxima vez, oferece um café, seu café é ótimo, ele iria adorar.

Ps: esta não é uma obra de ficção. Quaisquer semelhanças com fatos reais é a mais pura verdade.
E corto a minha garganta, mas não conto com qual loira a estória se passou.
Beijos Noemi.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Ô falta do que fazer...

Sabe-se lá quando ou como, apropriei-me de um joguete.
Tenho um lado espírito de porco.
O usava ( o joquete, não o lado espírito de porco) dando-lhe o nome de "enigma".
Faço minhas escusas.
Estava numa fase abstêmia e precisava de algo para me divertir.
Como também tenho meu lado altruísta, divido a brincadeira.
Já vou avisando que na maioria das vezes em que a discussão se tornou interessante, os presentes estavam num certo grau alcoólico.
É o seguinte: na frase (na verdade um trecho de uma letra de música):
"Genésio a mulher do vizinho sustenta aquele vagabundo"; o vagabundo é o Genésio ou o vizinho?
Ponham suas vírgulas.
Bobinho; mas diversão garantida.
Cartas à redação.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Eu me redimo.

Bemvindo Ricardo Gomes!
É, tá um pouco atrasado (bem atrasado, o cara já foi contratado há meses).
Mas, depois de 3 anos sob o comando de Muricy e 3 Títulos Nacionais, a saída do treinador foi dramática para mim.
Com direito a reações extremadas, como afirmar categoricamente que não gostava de futebol, coisa que só faço quando o São Paulo perde a Libertadores.
Pois bem, explicada a demora: O Rei está morto, Viva o novo Rei. (sempre exagerada).

Ricardo Gomes foi um baita zagueiro.
E tem se mostrado um baita treinador.
Acertou um grupo que vivia uma situação difícil e as vitórias voltaram, o bom futebol também.
E ultimamente, virou uma espécie de Midas.
A cada substituição que faz, o Dito que entra vai lá e faz o gol.
Assisti o cara ontem no Bem, Amigos.
Inteligente, versátil, humilde.
Gostei.
Porém, o mais importante: O Campeão voltou!
Segura, que o Tricolor não está chegando, já chegou.

O duro é que eu fico puta quando vejo o Muricy com o uniforme do Palmeiras, não dá para se conformar, quanto mais se acostumar.

Torcedor é torcedor...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sonho.

Tenho muitos e caros amigos.
Devô-los uma atenção que não consigo dar.

Meu querido amigo Babel, mandou-me fotos e vídeos antigos que me fizeram chorar de saudades.

E neles estava, além de todos os queridos, o Fernando.

Fernando se foi, do seu jeito, discreto, deixando muita saudade.

Na época que recebi as fotos, escrevi um post sobre ele. Por achar confessional demais, não publiquei.

Mas eis que surge de novo o Babel, descrevendo um sonho que teve.

Aí não deu para segurar. A escrita pede.

Meu caro amigo Babel, sonhou. Sonhou comigo, Fernando, Toninho e Bira juntos.

Como eu queria sonhar com isso...

Como queria que esse encontro fosse possível.

Mas, embarcando em seu sonho Babel, éramos realmente um quarteto fantástico. Pelo que vivíamos, pensávamos e espalhávamos por aí. E pela diversão. E pelo amor.

Que bom que em seu sonho estávamos juntos.

Com você e nossa Rê (Juju devia estar dormindo).

Que Bira e Toninho fossem atrás de um "um rabo de saia" (rsrsr): mais real; impossível.

Como você diz: estávamos felizes.

Eu e Fernando entramos em sua casa.


Essa imagem me agrada muito.


Depois de tanto tempo, além das lembranças que tenho, essa imagem, apesar de alheia, tomo para mim e vou guardar. Era a que faltava.

Fernando está comigo, na sua casa e da Rê, todos felizes, como num dia de parada.

O tempo, meu caro Babel, não nos deixa sentimentais, apenas nos trás o que não podemos nem devemos esconder.

Seu sonho faz todo sentido.
Em especial para mim.

Que estejamos sempre juntos e felizes, apesar de qualquer ou infinita distância.


Muito grata pelos momentos que me proporcionou, este post é para o Babel, que sonha.

E para o Fernando, que se alojou em meu coração, por tanto tempo e tanto e tão forte, que nada poderá demover.

Queria só que meu Amor e meus filhos o tivessem conhecido...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Frases.

Vi um dia destes num site na internet uma chamada para uma matéria sobre frases importantes no cinema.
Confesso que não li a matéria, mais guardei o assunto numa gavetinha.
Ontem, vi passando pela rua, num carro muito do bonito, uma figura da minha infância.
Peraí que eu já faço o link entre um assunto e outro.
Voltando às frases, adoro as nacionais "Dadinho é o caralho, meu nome agora é Zé Pequeno, porra!", de Cidade de Deus, que é fantástica e não menos impactante que "Pede pra sair!" de Tropa de Elite.
O link com a figura da minha infância é a internacional e muito mais famosa "My name is Bond. James Bond."
Pois a figura era um moleque, franzino, de uns 8 anos de idade, aficcionado pelo 007.
Tinha uma réplica dos óculos do agente que não tirava do rosto.
E nos presenteava com a hilariante cena:
Com os óculos na cara e a devida pose, os levantava e dizia: "Meu nome é No. Bru-no."

Hasta la vista, baby.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Lendas urbanas.

Por estas bandas existe uma praça conhecida como "Praça dos Pombos".
O nome oficial da praça eu não sei nem preciso saber, todo mundo aqui sabe onde fica a "Praça dos Pombos".
Em minha infância (e sei que na de muitos outros), meu pai me levava à praça aos domingos, depois da missa, para ver os pombos.
Mas para mim, a atração principal, não eram os pombos.
Era o Bemvindo.
Bemvindo era o anão que alimentava os pombos.
(Não me contrariem, não é nenhuma "licença poética". É sério, ele era anão, se chamava Bemvindo e alimentava pombos.)
Estava sempre lá e enchia nossas mãos de milho para jogar aos pombos.
E não deixava que nós saíssemos em corrida afugentando os bichinhos.
Todo mundo respeitava o Bemvindo.
Foi o primeiro e único anão que conheci.
E eis que, cai uma lenda urbana.
O Bemvindo morreu.
Fiquei sabendo hoje, apesar de jurarem ter sido há anos.
Não importa, fiquei sabendo hoje e a lenda portanto, caiu hoje.
O anão morreu.
Vai com Deus, Bemvindo.

Interessante.
No meio de tudo isso, me deparo com outra lenda urbana.
Não existe filhote de pombo.
Eu nunca vi.
Feita a enquete, não achei ninguém que tenha visto.
Pombo para mim sempre foi grande e peitudo. Filhote?
Nunca vi. Não existe.

Lenda urbana pronta para ser derrubada.
Cartas à redação.

sábado, 22 de agosto de 2009

Citação

"Mas é claro que o sol/Vai voltar amanhã/Mais uma vez.../Eu sei.
Escuridão já vi pior/De endoidecer gente sã/Espera que o sol já vem."

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Certeza

Sou uma pessoa crédula.
Alguns até me chamam de ingênua.
Acredito nas pessoas.
Só não levo a sério um tipo de gente: aqueles que tem certezas absolutas.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

E aí, tudo bem?

O tema é recorrente, em crônicas, em conversas, no dia-a-dia.
Mas comigo acontece sempre que ponho o pé fora de casa.
A última aconteceu numa festa infantil.
Alguém bateu nas minhas costas, efusiva e cordialmente. Virei-me.
A moça me comprimentou como se eu fosse sua amiga de infância, daquelas que não se vê há muito tempo.
E eu ali: quem é?
Eu até me lembrava do rosto - quase sempre me lembro - mas quando? De onde?
Aí vem a parte:
- Quanto tempo...
- Pois é...
- São seus filhos?
- Que olhos lindos...
- A gente precisa se ver mais...
Reconheço alguém de longe e aceno:
- Com licença, vou comprimentar, a gente já se fala...
Passado o apuro, sento com minhas amigas, chego perto de uma delas e pergunto:
- Quem é aquela ali?
O tom é de repreensão:
- Fernanda, é nossa amiga de infância...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Olha eles aí gente.

Já fui viciada em notícias.
Assinava duas revistas semanais e três jornais diários.
Lia tudo com fervor, com medo de perder alguma coisa.
Rádio, só notícia.
Cansei.
Não das notícias, mas da manipulação delas.
Comecei a desconfiar por um motivo simples: só entendo de um assunto nessa vida (fora o futebol): Direito. (pura pretensão).
Pois se, quando leio sobre Direito as notícias falham no básico, como a diferença entre dolo e culpa, porque é que eu vou dar confiança quando falam de economia, política ou outras coisas?

Mas não adianta, tarde da noite, acabo vendo um jornalzinho.
E tem a internet também.

E não é que os americanos fincaram bases militares na Colômbia? Caracas...
El Presidente Chapolim Colorado - desculpem - Hugo Chaves, diz que estamos à beira de uma guerra.
Lula saiu de fininho; tinha que checar a saúde do guerreiro José Alencar.

O que mais me impressionou porém, foi uma notícia de rodapé.
O EUA fizeram uma proposta ao Brasil para vender aviões caças (dos quais precisamos com urgência), com tecnologia e tudo.
Ou seja, compramos deles, a tecnologia vem junto, poderemos fabricar iguais e revender.
Um ótimo negócio.
Dizem que o Obama até ligou para o Presidente Molusco - desculpem - Lula, para tratar do assunto.

Trocando em miúdos, sempre eles, os americanos, agora de nova roupagem, mas sempre querendo mandar no mundo.
Antigamente os chamavamos de "Ianques" (agora só o Chapolim os chama assim - talvez também os Castros, mas que eu saiba, não foram convidados a opinar).
E agora, chamamo-os do que?

A tal da Melatonina.

Não sabia o que era melatonina até sentir a completa ausência dela.
Melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal e tem como função principal, regular o sono. (verdadeira aula de neurologia!).
O negócio funciona mais ou menos assim: começa a ficar escuro, o dia vai virando noite e o cérebro vai produzindo a dita cuja.
A mensagem é a seguinte: Soninho! Hora de dormir!
Pois bem, meu cérebro (já não basta as peças que me prega) não produz a bagaça.
O que quer dizer que o tal: "Soninho! Hora de dormir", não dá o ar da graça.
E lá vou eu, madrugada adrento.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O Futebol e a Internet.

Quem gosta de futebol, mora no estado de São Paulo e não é corintiano sabe a sacanagem que é a programação de jogos na televisão.
Só passa jogo do Corinthians.
Tudo bem, o negócio é comercial, dá mais audiência, mais anunciantes e tal.
Mas eu, que sou São Paulina, que me dane.
Aí vem a internet.
Você pode acompanhar os jogos pela internet.
E lá vou eu.
É um porre.
Os caras assistem o jogo e vão escrevendo o que aconteceu.
E você vai lendo.
O primeiro problema é que se você está lendo, já aconteceu, não adianta torcer ou xingar a mãe do juiz.
Coisa de masoquista.

Pois hoje o São Paulo jogou e claro, não passou na TV.
Eu ali sentada, um olho no peixe outro no gato, ou melhor, um na TV, outro no computador.
São Paulo 0 x 1 Botafogo.
Eis que o computador avisa, avisa não, muda a tela e corro para ver.
Está escrito: "Penalti a favor do São Paulo."
Penalti!
A atualização da tela é a cada 30 segundos, tenho que esperar.
Primeira atualização: nada.
Segunda atualização: nada.
Terceira atualização: nada. , 1 minuto e 30 segundos e nada?
Quarta atualização: nada. Resolvo sair da frente da tela e pegar uma cerveja.
Quinta atualização: Começo a desanimar, se fosse gol os caras já teriam avisado...
Sexta atualização: Certeza. Deu errado. Estamos perdendo do Botafogo, em casa e ainda perdemos um penalti?
Sétima atualização: Senhor! Acuda! Uma informação por favor!
Oitava atualização: GOOOL!

E eu só fico sabendo 4 minutos depois?

Quanta tecnologia.
Vou comprar um radinho de pilha.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Eu recomendo! (de quem é a frase mesmo?)

Se é para sentir na pele como o tempo passa, que seja por uma boa descoberta.
Recebi um e-mail de um amigo de, digamos, adolescência, indicando o Blog do irmão mais novo dele.
Ele já é bem mais novo que eu, imagina o irmão. A última vez que vi o pequeno, ele devia ter acabado de ler "O Menino Maluquinho".
Curiosa, corri para o Blog.
E não é que o menino é um escritor e tanto! Recomendo. O cara é bom e os trocadilhos que faz, impagáveis. Vale navegar por posts mais antigos.
Segue o link: http://1234bowery.blogspot.com/
Só teve uma coisa que me intrigou.
O Blog é assinado por um tal de Luiz Filipin, mas eu conheço mesmo é o Gugu. Ainda que Filipin.

domingo, 2 de agosto de 2009

Cristo Redentor.

Tem um Cristo Redentor ao lado da minha casa. Uma réplica é claro.
Aliás, réplicas do Cristo Redentor são uma febre no interior de São Paulo, uma mais estranha e bizarra que a outra.
Ontem vi uma à venda, numa loja chamada "Acácia Piscinas", ao lado de um anão de jardim e de uma fonte com um anjinho fazendo xixi.
Voltando ao Meu vizinho, ele fica numa rotatória. Uma rotatória bem movimentada.
Ficava lá, de braços abertos para um monte de mato e automóveis passando.
Agora fizeram uma pracinha para ele. Grama nova e verdinha, arbustos, pedregulhos, palmeiras e terríveis luzes verdes.
A praça em si não tem serventia nenhuma.
Dado ao movimentos dos carros, nenhum pedrestre consegue chegar lá. Fica só o Cristo.
Minto. Dois metros atrás dele corre um esgoto à céu aberto e por cima de sua cabeça, ao fundo, se lê: "Shopping Iguatemi".

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Alcântara Machado e a literatura.

No post abaixo falei de adjetivos e imediatamente lembrei de uma crônica de Alcântara Machado. Lia-a ontem, o nome é "Genialidade Brasileira", publicada em "As cem melhores crônicas brasileiras".
Bem humorado, ele escreve uma espécie de contra-crônica (invenção minha a expresão) à muito mais famosa "Complexo de vira-latas" de Nelson Rodrigues, presente no mesmo livro.
Basicamente contesta o fato de que o brasileiro em geral se considere um gênio.
Vejam o que ele, ironicamente, tem a dizer aos que se aventuram na escrita, como eu:
"Olhem a mania nacional de classificar palavreado de literatura, Tem adjetivos sonoros? É literatura. Os períodos rolam bonitos? Literatura. O final é pomposo? Literatura, nem se discute. Tem asneiras? Tem. Muitas? Santo Deus. Mas são grandiloquentes? Se são. Então é literatura e da melhor. Quer dizer alguma cousa? Nada. Rima porém? Rima. Logo é literatura."

Um pouco de futebol.

Não me acostumo com essa mania de adjetivar, qualificar nomes, instituir títulos de nobreza e até santificar jogadores de futebol.
Amo futebol, mas também os meus ouvidos.
Os exemplos são inúmeros.
Se Leônidas é O Diamante Negro, Pelé é o Rei do Futebol.
Garrincha, O Anjos das Pernas Tortas, já Dadá é Maravilha.
Na linhagem nobre, Falcão é O Rei de Roma e Adriano, O Imperador.
Ficando pela Itália, Kleber é O Gladiador.
Zico, O Galinho de Quintino.
Euler, O Filho do Vento; Edmundo, O Animal; Marcelinho, O Pé de Anjo; Luis Fabiano, O Fabuloso.
Destaque para Ronaldo, O Fenômeno.
Mas pecado, pecado mesmo, é São Marcos.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Palavras.

Eu e as palavras. Duas das quais não gosto nada: sempre e nunca.
Principalmente quando empregadas em relacionamentos. Neste campo,
sempre e nunca são palavras invariavelmente injustas.
Definitivas demais. Demonstram uma certeza monumental, difícil de se ter.
É bom cuidar das palavras.
Sempre?

sábado, 25 de julho de 2009

Não a salsinha!

Enfim uma causa para lutar!
Todos tem uma nestes tempos.
Numa entrevista no Jô, vi Madame Fraçois Mitterrand afirmar que o direito fundamental número um do ser humano era o direito a água. Essa é sua luta. Deve até ter razão.
Minha causa é menos nobre: Não a salsinha!
Nunca consegui entender porque é que sempre salpicam os pratos de comida com aquele monte de verdinho inútil, que eu gasto horas tentando tirar.
Eis que, de repente, achei um guru.
Lendo "A Mesa Voadora" de Luis Fernando Verissimo, encontrei uma crônica chamada "Salsinha".
É obvio que o Verissimo é muito melhor que eu, mas, em resumo, é mais ou menos isso:
Não está escrito em lugar nenhum que um prato pode (e vai) vir salpicado de salsinha. Não se tem o direito de escolha. Simples assim.
Mas o movimento é mais amplo. Segundo algumas correntes "salsinha" seria qualquer comida inútil ou supérflua. Incluiria "até o cravo no doce de coco, que só está ali só para a gente morder sem querer".
E tenho dito.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O eco (ou a falta dele).

As palavras tem eco. Quaisquer que sejam os tons em que sejam ditas.
Algumas, ouvidas aqui e ali, reverberam até hoje em minha mente.
Outras - que proferi - sei que acompanham meus pobres ouvintes.
Já as lágrimas correm solitárias e silentes pela madrugada. Talvez seja melhor assim.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Pesadelo

Li hoje na uol que o Brasil tem dois representantes no concurso "As maiores belezas naturais da Terra": A Amazônia e as Cataratas do Iguaçu. Quem colocou a Amazônia corre o risco de, quando acabarem as votações a floresta nem estar mais lá, e quanto às Cataratas, esqueceu de mencionar que, em meses de estiagem aquilo não tem nenhuma graça, aliás, dá uma tristeza...
Não sei bem o porque destes concursos, mas vá lá.
Tudo isso para contar que essa noite sonhei (sonhei não, tive um pesadelo) com a estátua do Borba Gato, que fica no bairro de Santo Amaro, São Paulo.
Quem já viu sabe do que estou falando. Impressiona criancinha aquele negócio.
Sei que a ideia não é original, mas não poderiam destruir aquilo não? Num concurso votaria como o monumento (se é que se pode chamar assim) mais feio de São Paulo, quiçá (palavrinha chata, ranço de advocacia) do mundo.
Eu tinha que sonhar com esse troço? Coisa mais chata.

Diferença

Falando em diferenças (post diversidade), este tem sido um tema recorrente aqui em casa. E não é que me bato com um pensamento certeiro da minha amiga mineira Rachel: Não somos todos iguais, somos todos diferentes. É aí que mora a graça. Ou como dizia a minha mãe: o que seria do azul se todos gostassem do amarelo?

sábado, 18 de julho de 2009

Diversidade

Tenho ficado invocada com a utilização de alugumas palavras.
Talvez seja algo meio purista, antiquado, sei lá.
A palavra da vez é a mega utilizada "diversidade". Quem sabe por ser mega utilizada.
Por que não a antiga e eficaz "diferença"?
Temo o dia em que possa ouvir a frase: "Tipo assim: a nível de diversidade, poderemos estar afirmando nossa igualdade humana". Vixe, dá arrepios...
Coisas da minha cabeça.
Ps: Obrigado pelas leituras e comentários, essa é a idéia.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Capitucapitulando?

O que Capitu tem com isso? Quando resolvi criar um blog, fiquei dias só pensando: e o nome? Capitucapitulando. Começo por Capitu. Principalmente por Machado de Assis, mais que pela famosa personagem. De qualquer modo é bom fugir da questão "Capitu traiu ou não Bentinho?". Para mim, mais importante que uma das questões mais discutidas de nossa literatura é o exílio imposto por Bentinho a Capitu - e por ela aceito com abnegação - quando da suspeita de infidelidade. Todos temos que viver um certo afastamento, muitas vezes involuntário. Por conta de pessoas, situações, profissões, doenças...
Capitulando. Capitulando, do verbo capitular, aqui no sentido estrito de "deixar de resistir, render-se". Render-se a minha vontade de me expressar, de dividir, de compartilhar escritos e pensamentos que vem de toda parte. É isso.