sexta-feira, 31 de julho de 2009

Alcântara Machado e a literatura.

No post abaixo falei de adjetivos e imediatamente lembrei de uma crônica de Alcântara Machado. Lia-a ontem, o nome é "Genialidade Brasileira", publicada em "As cem melhores crônicas brasileiras".
Bem humorado, ele escreve uma espécie de contra-crônica (invenção minha a expresão) à muito mais famosa "Complexo de vira-latas" de Nelson Rodrigues, presente no mesmo livro.
Basicamente contesta o fato de que o brasileiro em geral se considere um gênio.
Vejam o que ele, ironicamente, tem a dizer aos que se aventuram na escrita, como eu:
"Olhem a mania nacional de classificar palavreado de literatura, Tem adjetivos sonoros? É literatura. Os períodos rolam bonitos? Literatura. O final é pomposo? Literatura, nem se discute. Tem asneiras? Tem. Muitas? Santo Deus. Mas são grandiloquentes? Se são. Então é literatura e da melhor. Quer dizer alguma cousa? Nada. Rima porém? Rima. Logo é literatura."

Um pouco de futebol.

Não me acostumo com essa mania de adjetivar, qualificar nomes, instituir títulos de nobreza e até santificar jogadores de futebol.
Amo futebol, mas também os meus ouvidos.
Os exemplos são inúmeros.
Se Leônidas é O Diamante Negro, Pelé é o Rei do Futebol.
Garrincha, O Anjos das Pernas Tortas, já Dadá é Maravilha.
Na linhagem nobre, Falcão é O Rei de Roma e Adriano, O Imperador.
Ficando pela Itália, Kleber é O Gladiador.
Zico, O Galinho de Quintino.
Euler, O Filho do Vento; Edmundo, O Animal; Marcelinho, O Pé de Anjo; Luis Fabiano, O Fabuloso.
Destaque para Ronaldo, O Fenômeno.
Mas pecado, pecado mesmo, é São Marcos.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Palavras.

Eu e as palavras. Duas das quais não gosto nada: sempre e nunca.
Principalmente quando empregadas em relacionamentos. Neste campo,
sempre e nunca são palavras invariavelmente injustas.
Definitivas demais. Demonstram uma certeza monumental, difícil de se ter.
É bom cuidar das palavras.
Sempre?

sábado, 25 de julho de 2009

Não a salsinha!

Enfim uma causa para lutar!
Todos tem uma nestes tempos.
Numa entrevista no Jô, vi Madame Fraçois Mitterrand afirmar que o direito fundamental número um do ser humano era o direito a água. Essa é sua luta. Deve até ter razão.
Minha causa é menos nobre: Não a salsinha!
Nunca consegui entender porque é que sempre salpicam os pratos de comida com aquele monte de verdinho inútil, que eu gasto horas tentando tirar.
Eis que, de repente, achei um guru.
Lendo "A Mesa Voadora" de Luis Fernando Verissimo, encontrei uma crônica chamada "Salsinha".
É obvio que o Verissimo é muito melhor que eu, mas, em resumo, é mais ou menos isso:
Não está escrito em lugar nenhum que um prato pode (e vai) vir salpicado de salsinha. Não se tem o direito de escolha. Simples assim.
Mas o movimento é mais amplo. Segundo algumas correntes "salsinha" seria qualquer comida inútil ou supérflua. Incluiria "até o cravo no doce de coco, que só está ali só para a gente morder sem querer".
E tenho dito.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O eco (ou a falta dele).

As palavras tem eco. Quaisquer que sejam os tons em que sejam ditas.
Algumas, ouvidas aqui e ali, reverberam até hoje em minha mente.
Outras - que proferi - sei que acompanham meus pobres ouvintes.
Já as lágrimas correm solitárias e silentes pela madrugada. Talvez seja melhor assim.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Pesadelo

Li hoje na uol que o Brasil tem dois representantes no concurso "As maiores belezas naturais da Terra": A Amazônia e as Cataratas do Iguaçu. Quem colocou a Amazônia corre o risco de, quando acabarem as votações a floresta nem estar mais lá, e quanto às Cataratas, esqueceu de mencionar que, em meses de estiagem aquilo não tem nenhuma graça, aliás, dá uma tristeza...
Não sei bem o porque destes concursos, mas vá lá.
Tudo isso para contar que essa noite sonhei (sonhei não, tive um pesadelo) com a estátua do Borba Gato, que fica no bairro de Santo Amaro, São Paulo.
Quem já viu sabe do que estou falando. Impressiona criancinha aquele negócio.
Sei que a ideia não é original, mas não poderiam destruir aquilo não? Num concurso votaria como o monumento (se é que se pode chamar assim) mais feio de São Paulo, quiçá (palavrinha chata, ranço de advocacia) do mundo.
Eu tinha que sonhar com esse troço? Coisa mais chata.

Diferença

Falando em diferenças (post diversidade), este tem sido um tema recorrente aqui em casa. E não é que me bato com um pensamento certeiro da minha amiga mineira Rachel: Não somos todos iguais, somos todos diferentes. É aí que mora a graça. Ou como dizia a minha mãe: o que seria do azul se todos gostassem do amarelo?

sábado, 18 de julho de 2009

Diversidade

Tenho ficado invocada com a utilização de alugumas palavras.
Talvez seja algo meio purista, antiquado, sei lá.
A palavra da vez é a mega utilizada "diversidade". Quem sabe por ser mega utilizada.
Por que não a antiga e eficaz "diferença"?
Temo o dia em que possa ouvir a frase: "Tipo assim: a nível de diversidade, poderemos estar afirmando nossa igualdade humana". Vixe, dá arrepios...
Coisas da minha cabeça.
Ps: Obrigado pelas leituras e comentários, essa é a idéia.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Capitucapitulando?

O que Capitu tem com isso? Quando resolvi criar um blog, fiquei dias só pensando: e o nome? Capitucapitulando. Começo por Capitu. Principalmente por Machado de Assis, mais que pela famosa personagem. De qualquer modo é bom fugir da questão "Capitu traiu ou não Bentinho?". Para mim, mais importante que uma das questões mais discutidas de nossa literatura é o exílio imposto por Bentinho a Capitu - e por ela aceito com abnegação - quando da suspeita de infidelidade. Todos temos que viver um certo afastamento, muitas vezes involuntário. Por conta de pessoas, situações, profissões, doenças...
Capitulando. Capitulando, do verbo capitular, aqui no sentido estrito de "deixar de resistir, render-se". Render-se a minha vontade de me expressar, de dividir, de compartilhar escritos e pensamentos que vem de toda parte. É isso.