quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O Censo.

A mocinha do Censo veio à minha casa.
Bonita ela.
Minha filha ficou encantada com suas mechas cor de rosa.
Super simpática, já chegou se desculpando.
Devem tratar mal (ou mau?) o pessoal do Censo.
Porque se desculpar?  Só estava fazendo o seu trabalho...

Ela me avisou que eu tinha sido sorteada para a "amostragem".
O que é isso?
É que você vai ter que responder todas as perguntas.
Então vamos lá.

Chamei as crianças e disse: "Sentem aqui no sofá. Nem um pio, a moça está trabalhando. Quando ela sair explico para vocês o que é isso e para que serve".

Demorou hein... Sabe-se lá quantas ela me perguntou.

Depois que ela saiu, pensando bem, me arrependi de algumas respostas.
Eis-las:

Sempre que me perguntam: Você tem filhos? Eu respondo: Tenho.
Sempre.
Meus dois enteados moram comigo, eu os crio, os chamo e os amo como filhos.
Que diferença faz?
Sou eu quem ajuda na escola, eu quem cuido das roupas, eu quem dou duro para que eles tenham uma boa vida, uma educação de qualidade, eu quem os ponho para dormir, estou aqui na hora do choro, do colo e das gargalhadas.
Nunca competi com a mãe deles, que é viva; bem viva. Eles tem a felicidade de ter duas mães.
E pronto.
E quando a moça do Censo - Débora o nome dela - me perguntou o que eles eram meus, eu respondo: "enteados"...
Tá errado.
São meus filhos.
Ponto.

Avançando...
Você se considera: branco, negro, pardo, amarelo ou outros? (Será que foi essa a pergunta? Alguma coisa assim.)
Parece fácil, mas para mim não é.
Num país de miscigenação como o nosso, como responder?
Bom, se eu for considerar só a cor da pele, branco seria a resposta.
Sou quase transparente, sabe aquela estória de "dá até ar", poizé....

Uma vez discutimos por horas, eu a Clá e o Thiago, sobre isso e chegamos a conclusão que deveríamos responder pardo.
O problema é que as horas foram regadas a cerveja, minha memória é péssima e eu não me lembrava mais dos argumentos a fundo. Então, via das dúvidas, respondi branca.
Pela cor da pele mesmo.

E por último: na última semana de julho você teve algum trabalho? Remunerado ou não remunerado?
Resposta: Sim. Um. Remunerado.
Peraí? E o trabalho em casa?
Moramos eu, meu dulcíssimo e meus dois filhos.
Não temos uma secretária do lar.
Nunca.
O que quer dizer que eu: arrumo a casa, varro, passo pano, lavo banheiro, lavo louça; recolho, ponho no molho, lavo, passo e guardo a roupa.

Isso é trabalho!
E trabalho muito duro.
Sei de gente que ganha mais do que eu no meu trabalho - eu, que tenho até curso superior - fazendo este serviço.
E ganham pouco.
Puta trampo!
Tenho que salientar (salientar... ê advocacia) que meu dulcíssimo, faz o almoço e o jantar, e ajuda no que pode.
Minha adolescente preferida também ajuda. No esquema adolescente, quando quer, do jeito que quer, na hora que quer.
Resumindo: tenho dois trabalhos (fora ser mãe, que ser mãe não é trabalho, apesar de dar trabalho, o que é de todo diferente). Trabalho em casa e trabalho a noite, aí remuneradamente.

Volta Débora!
Quero mudar minhas respostas!

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